sábado, 3 de maio de 2008

Cachaça, o novo vídeo


Fazer um vídeo para Cachaça é algo que faz parte dos planos de Marli e Witched desde antes do lançamento de O Céu de Anastácia. A idéia foi sendo estudada aos poucos, e começa a se concretizar agora numa produção inovadora e complexa. Essa é a oportunidade de Marli e Witched explorarem visualmente outros aspectos presentes no álbum, como o folclore do Norte, a destruição da Amazônia, dilemas morais, ambição e religiosidade.

O vídeo começa com um réptil mitológico escondido entre as plantas, alimentando-se de folhas. Então temos uma vista da floresta encoberta por uma nuvem de fumaça. Vemos Marli de cócoras no meio da floresta, com uma expressão paciente de dor. Ela canta os primeiros versos da música, enquanto o réptil a observa. O refrão começa e somos apresentados ao Deus da Floresta, que surge agitado como se pressentisse o acontecimento de algo. Marli põe um ovo. Ela continua cantando enquanto observa o que acabou de sair de dentro dela. O ovo se parte, e de dentro dele sai o Diabo, sorrindo maliciosamente. O Diabo tem o corpo azul e chifres vermelhos, e é representado pela própria Marli. O Deus da Floresta lança fogo com seu hálito, iniciando um incêndio na floresta.

Em meio ao fogo, os personagens interagem, com o vídeo focando na luta de Marli/Anastácia com sua contraparte maligna. A jornada progride de forma intensa, culminando num desfecho revelador e antológico. Mas sobre essa parte, não podemos dizer nada por enquanto.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Entrevista exclusiva com Marli

Geralmente, artistas criam personagens para trazer à tona assuntos bastante pessoais. No seu caso é o contrário. Você sempre foi muito pessoal nas letras durante toda a sua carreira, e no seu último álbum, você trouxe a Anastácia para falar sobre o estado do nosso país, questões políticas, sociais, etc. Qual a idéia por trás disso?
Eu nunca tinha pensado nisso. (Pausa) Eu acho que depende do seu ponto de vista. Eu acho que há muita coisa pessoal em “O Céu de Anastácia”, assim como nos outros álbuns. Só que dessa vez eu pude expandir o pessoal para tocar no político e no social. Claro que há músicas como “Maniçoba” e “Tiradentes”, que contam histórias nas quais Marli não participa diretamente. Mas Marli não está sozinha o tempo todo (risos). Você tem que parar para ouvir essas outras vozes. Por outro lado, algumas das minhas músicas mais pessoais estão nesse álbum, especialmente na segunda metade.

Qual é a sua faixa favorita no álbum?
(Pausa) Seria injusto dizer a minha favorita, especialmente em relação ao “Céu”. Há tantos elementos envolvidos. Algumas músicas representam mais para algumas pessoas que outras. Mas eu posso te dizer que “Flores de Ipirá” é muito especial para mim. É uma música que eu gostaria que vivesse para sempre. E que meus filhos e os filhos deles possam ouvir quando eu estiver em outra dimensão.

Além das músicas que estão no álbum, você lançou algumas faixas extras nos singles, como a versão de “Teresinha de Jesus” e outra chamada “Os Ovos de Urano”. Você pode falar sobre elas?
Eu sempre fui fascinada por “Teresinha de Jesus”, e estava esperando a hora certa para poder fazer uma versão. É uma parte do nosso folclore, e nós aprendemos quando criança e nos acostumamos a cantar nas rodas, mas quase ninguém presta atenção na letra. As crianças cantam e não fazem idéia do que estão falando. Pelo menos cantavam até algum tempo atrás. Hoje elas estão ocupadas com seus próprios I-Pods. E é uma letra muito reveladora. Eu sempre soube que Anastácia iria cantar uma cantiga de roda, e essa foi a escolha óbvia (risos). Já “Os Ovos de Urano” foi uma música que eu fiz para o “Colostro”, mas ela não estava preparada ainda, na época. Então nós guardamos, retrabalhamos, e ela saiu no CD de “Sangue”.

Você considera a possibilidade de lançar uma coletânea de b-sides e faixas raras?
Eu não sei. Eu já pensei nisso. Muito provavelmente, no futuro, vamos lançar uma coletânea de tudo um pouco, incluindo b-sides, remixes, etc., pra ficar mais fácil todo mundo ter acesso. Mas eu ainda não sei quando vai acontecer. É um processo longo e cansativo remexer os arquivos. Eu fiz isso quando lancei “A Árvore Ginecológica”, mas não sei se dá pra chamar de coletânea de grandes sucessos. Foi mais uma tentativa de selecionar o que eu considerava meu melhor até então, atualizar e melhorar a qualidade do que eu tinha feito até 2004.

Então podemos esperar um novo álbum ainda em 2008?
Ó céus, não! Você está louco? (risos) Eu passei um ano escrevendo, produzindo e gravando “O Céu de Anastácia”, e foi uma jornada longa e desgastante. Nós fizemos 26 músicas, sendo que 22 foram lançadas. 22 músicas equivalem a um álbum duplo, então eu trabalhei muito, não acha? (risos) Então não, um novo álbum não vai sair tão cedo. Eu preciso de tempo e espaço necessários. E eu ainda não terminei de trabalhar no “Céu”.

Você pode nos adiantar algo do que vem por aí?
Bem, estamos trabalhando no vídeo de “Cachaça”. Mas por enquanto não posso dar detalhes. E claro que vem o single acompanhando, e conseguimos ótimos colaboradores pra remixar a música. Teremos remixes do Mild Rumble e do Arlindo.

Isso são ótimas notícias. Você já considerou a possibilidade de lançar CDs físicos do seu material?
Sim, mas tem muita coisa envolvida aí que nos impossibilita disso. Mas o motivo maior é que eu sempre distribuí meu trabalho de graça. Quando fazemos as músicas e os clipes, tudo que investimos é nosso amor e dedicação. Não tem dinheiro envolvido. Se o público nos paga com o mesmo amor e dedicação, já é o suficiente. Eu entendo que o pessoal quer ter uma coleção com os CDs físicos e tal, mas é aí que entra a interatividade. No meu site, eu disponibilizo as capas e encartes completos dos álbuns e singles, e os fãs podem fazer seus próprios CDs. E eu acho isso divertido.

Marli, muito obrigado pela entrevista e boa sorte nos próximos lançamentos.
Obrigada.

sábado, 13 de outubro de 2007

Aniversário

É verdade que o tempo não pára, e que a gente envelhece a cada minuto, cada segundo. Mas não sei... O calendário tem um poder incrível sobre mim. Eu gosto de datas. Se tem uma coisa que eu sei fazer, é decorar o dia, mês e ano em que as coisas acontecem. Ontem eu estive em um aniversário. Assim como eu, várias outras pessoas - algumas conhecidas, outras que eu nunca vi na vida - estavam lá para festejar a data, dar presentes e comer. Eu mesmo comi bastante, principalmente aquele docinho que vem com uma uva dentro. Trouxe um pedaço de bolo, mas não comi ainda. Mas voltando... Eu acho incrível como as pessoas se reúnem em datas comemorativas, e fazem aquela festa. E o motivo da comemoração muitas vezes acaba passando batido. Eu sei que algumas pessoas do aniversário de ontem estavam lá por serem amigas da aniversariante e querem, de fato, tudo de bom pra ela. Outras estavam lá só pelo fato de ser uma festa, e outras foram só para comer e beber, do mesmo jeito que vão a um restaurante ou ao boteco da esquina.

O que as pessoas não percebem, às vezes, é que a magia de uma data comemorativa não está na data. Comemorar um ano de algo ou alguém não faz muito sentido se você não esteve lá nos últimos 365 dias. E são nesses dias em que a magia acontece. Eu tenho certeza que poucas pessoas se lembram do dia que antecedeu uma certa data comemorativa. E eu falo por mim mesma: no último 7 de setembro, eu estava marchando na praça, e pro bem ou pro mal, me diverti bastante. Mas não me lembro de jeito nenhum o que aconteceu no dia 6. Eu não me lembro se eu estava em casa, o que eu fiz pro almoço, ou se estava chovendo ou fazendo sol. Acho que as datas, e o que elas representam, dão um pouco mais de sentido às nossas vidas. Imagino às vezes como seria se não houvesse um calendário. Como seria se um determinado acontecimento representasse coisas diferentes pra cada pessoa, e se significaria mais pra mim do que pra você. Como no caso do familiar de alguém que morreu no Dia de Finados.

Acho que já falei demais. Vou comer o pedaço de bolo. Taí, irei anotar: "13 de outubro, o dia em que comi o bolo de aniversário no dia seguinte". Você devia fazer isso também. E temos que garantir que lembraremos disso nessa mesma data, ano que vem. Vai ser divertido.

sábado, 6 de outubro de 2007

Cecília no retrovisor

O começo é sempre complicado. Se você não tiver preparado, não tiver força de vontade, as coisas podem ir por água abaixo. Eu sinto que comecei uma jornada séria agora, e estou com um friozinho na barriga, pois não faço a mínima idéia do que vem pela frente. Eu estava conversando com Cecília agora há pouco sobre dirigir. Ela está tirando a carteira de motorista, e está um pouco nervosa. Ainda não fica segura ao volante. Ela me disse: "Eu fico o tempo todo achando que vou bater no primeiro carro que aparece na minha frente." Eu tento acalmá-la, dizendo que tudo vai dar certo e que não há necessidade de se preocupar, mas não adianta. Esse é o tipo de coisa que você não pode mudar. Só ela, a seu tempo, vai saber como lidar com a situação.

Quando olho pra Cecília, agora, me lembro de como eu era antes de todo o terremoto, tentando colocar as coisas em seus devidos lugares, deixando tudo bonitinho pra me sentir segura. Não adiantou porra nenhuma. De repente, o terremoto chegou e tirou tudo do lugar, as coisas voaram, quebraram em pedaços e ainda fiquei cheia de cicatrizes. É por isso que eu digo pra Cecília: "você sempre tem que estar preparada pra sofrer um acidente, e isso não significa que você é má motorista. Por isso que chamam de acidente. Está alheio à sua vontade. Relaxa e goza." Às vezes é difícil aceitar ver as coisas dessa forma, e eu ainda tenho minhas limitações. Mas acho que faço o melhor possível. Daqui a alguns anos, Cecília sentirá isso ainda.