sábado, 13 de outubro de 2007

Aniversário

É verdade que o tempo não pára, e que a gente envelhece a cada minuto, cada segundo. Mas não sei... O calendário tem um poder incrível sobre mim. Eu gosto de datas. Se tem uma coisa que eu sei fazer, é decorar o dia, mês e ano em que as coisas acontecem. Ontem eu estive em um aniversário. Assim como eu, várias outras pessoas - algumas conhecidas, outras que eu nunca vi na vida - estavam lá para festejar a data, dar presentes e comer. Eu mesmo comi bastante, principalmente aquele docinho que vem com uma uva dentro. Trouxe um pedaço de bolo, mas não comi ainda. Mas voltando... Eu acho incrível como as pessoas se reúnem em datas comemorativas, e fazem aquela festa. E o motivo da comemoração muitas vezes acaba passando batido. Eu sei que algumas pessoas do aniversário de ontem estavam lá por serem amigas da aniversariante e querem, de fato, tudo de bom pra ela. Outras estavam lá só pelo fato de ser uma festa, e outras foram só para comer e beber, do mesmo jeito que vão a um restaurante ou ao boteco da esquina.

O que as pessoas não percebem, às vezes, é que a magia de uma data comemorativa não está na data. Comemorar um ano de algo ou alguém não faz muito sentido se você não esteve lá nos últimos 365 dias. E são nesses dias em que a magia acontece. Eu tenho certeza que poucas pessoas se lembram do dia que antecedeu uma certa data comemorativa. E eu falo por mim mesma: no último 7 de setembro, eu estava marchando na praça, e pro bem ou pro mal, me diverti bastante. Mas não me lembro de jeito nenhum o que aconteceu no dia 6. Eu não me lembro se eu estava em casa, o que eu fiz pro almoço, ou se estava chovendo ou fazendo sol. Acho que as datas, e o que elas representam, dão um pouco mais de sentido às nossas vidas. Imagino às vezes como seria se não houvesse um calendário. Como seria se um determinado acontecimento representasse coisas diferentes pra cada pessoa, e se significaria mais pra mim do que pra você. Como no caso do familiar de alguém que morreu no Dia de Finados.

Acho que já falei demais. Vou comer o pedaço de bolo. Taí, irei anotar: "13 de outubro, o dia em que comi o bolo de aniversário no dia seguinte". Você devia fazer isso também. E temos que garantir que lembraremos disso nessa mesma data, ano que vem. Vai ser divertido.

sábado, 6 de outubro de 2007

Cecília no retrovisor

O começo é sempre complicado. Se você não tiver preparado, não tiver força de vontade, as coisas podem ir por água abaixo. Eu sinto que comecei uma jornada séria agora, e estou com um friozinho na barriga, pois não faço a mínima idéia do que vem pela frente. Eu estava conversando com Cecília agora há pouco sobre dirigir. Ela está tirando a carteira de motorista, e está um pouco nervosa. Ainda não fica segura ao volante. Ela me disse: "Eu fico o tempo todo achando que vou bater no primeiro carro que aparece na minha frente." Eu tento acalmá-la, dizendo que tudo vai dar certo e que não há necessidade de se preocupar, mas não adianta. Esse é o tipo de coisa que você não pode mudar. Só ela, a seu tempo, vai saber como lidar com a situação.

Quando olho pra Cecília, agora, me lembro de como eu era antes de todo o terremoto, tentando colocar as coisas em seus devidos lugares, deixando tudo bonitinho pra me sentir segura. Não adiantou porra nenhuma. De repente, o terremoto chegou e tirou tudo do lugar, as coisas voaram, quebraram em pedaços e ainda fiquei cheia de cicatrizes. É por isso que eu digo pra Cecília: "você sempre tem que estar preparada pra sofrer um acidente, e isso não significa que você é má motorista. Por isso que chamam de acidente. Está alheio à sua vontade. Relaxa e goza." Às vezes é difícil aceitar ver as coisas dessa forma, e eu ainda tenho minhas limitações. Mas acho que faço o melhor possível. Daqui a alguns anos, Cecília sentirá isso ainda.