Geralmente, artistas criam personagens para trazer à tona assuntos bastante pessoais. No seu caso é o contrário. Você sempre foi muito pessoal nas letras durante toda a sua carreira, e no seu último álbum, você trouxe a Anastácia para falar sobre o estado do nosso país, questões políticas, sociais, etc. Qual a idéia por trás disso?
Eu nunca tinha pensado nisso. (Pausa) Eu acho que depende do seu ponto de vista. Eu acho que há muita coisa pessoal em “O Céu de Anastácia”, assim como nos outros álbuns. Só que dessa vez eu pude expandir o pessoal para tocar no político e no social. Claro que há músicas como “Maniçoba” e “Tiradentes”, que contam histórias nas quais Marli não participa diretamente. Mas Marli não está sozinha o tempo todo (risos). Você tem que parar para ouvir essas outras vozes. Por outro lado, algumas das minhas músicas mais pessoais estão nesse álbum, especialmente na segunda metade.
Qual é a sua faixa favorita no álbum?
(Pausa) Seria injusto dizer a minha favorita, especialmente em relação ao “Céu”. Há tantos elementos envolvidos. Algumas músicas representam mais para algumas pessoas que outras. Mas eu posso te dizer que “Flores de Ipirá” é muito especial para mim. É uma música que eu gostaria que vivesse para sempre. E que meus filhos e os filhos deles possam ouvir quando eu estiver em outra dimensão.
Além das músicas que estão no álbum, você lançou algumas faixas extras nos singles, como a versão de “Teresinha de Jesus” e outra chamada “Os Ovos de Urano”. Você pode falar sobre elas?
Eu sempre fui fascinada por “Teresinha de Jesus”, e estava esperando a hora certa para poder fazer uma versão. É uma parte do nosso folclore, e nós aprendemos quando criança e nos acostumamos a cantar nas rodas, mas quase ninguém presta atenção na letra. As crianças cantam e não fazem idéia do que estão falando. Pelo menos cantavam até algum tempo atrás. Hoje elas estão ocupadas com seus próprios I-Pods. E é uma letra muito reveladora. Eu sempre soube que Anastácia iria cantar uma cantiga de roda, e essa foi a escolha óbvia (risos). Já “Os Ovos de Urano” foi uma música que eu fiz para o “Colostro”, mas ela não estava preparada ainda, na época. Então nós guardamos, retrabalhamos, e ela saiu no CD de “Sangue”.
Você considera a possibilidade de lançar uma coletânea de b-sides e faixas raras?
Eu não sei. Eu já pensei nisso. Muito provavelmente, no futuro, vamos lançar uma coletânea de tudo um pouco, incluindo b-sides, remixes, etc., pra ficar mais fácil todo mundo ter acesso. Mas eu ainda não sei quando vai acontecer. É um processo longo e cansativo remexer os arquivos. Eu fiz isso quando lancei “A Árvore Ginecológica”, mas não sei se dá pra chamar de coletânea de grandes sucessos. Foi mais uma tentativa de selecionar o que eu considerava meu melhor até então, atualizar e melhorar a qualidade do que eu tinha feito até 2004.
Então podemos esperar um novo álbum ainda em 2008?
Ó céus, não! Você está louco? (risos) Eu passei um ano escrevendo, produzindo e gravando “O Céu de Anastácia”, e foi uma jornada longa e desgastante. Nós fizemos 26 músicas, sendo que 22 foram lançadas. 22 músicas equivalem a um álbum duplo, então eu trabalhei muito, não acha? (risos) Então não, um novo álbum não vai sair tão cedo. Eu preciso de tempo e espaço necessários. E eu ainda não terminei de trabalhar no “Céu”.
Você pode nos adiantar algo do que vem por aí?
Bem, estamos trabalhando no vídeo de “Cachaça”. Mas por enquanto não posso dar detalhes. E claro que vem o single acompanhando, e conseguimos ótimos colaboradores pra remixar a música. Teremos remixes do Mild Rumble e do Arlindo.
Isso são ótimas notícias. Você já considerou a possibilidade de lançar CDs físicos do seu material?
Sim, mas tem muita coisa envolvida aí que nos impossibilita disso. Mas o motivo maior é que eu sempre distribuí meu trabalho de graça. Quando fazemos as músicas e os clipes, tudo que investimos é nosso amor e dedicação. Não tem dinheiro envolvido. Se o público nos paga com o mesmo amor e dedicação, já é o suficiente. Eu entendo que o pessoal quer ter uma coleção com os CDs físicos e tal, mas é aí que entra a interatividade. No meu site, eu disponibilizo as capas e encartes completos dos álbuns e singles, e os fãs podem fazer seus próprios CDs. E eu acho isso divertido.
Marli, muito obrigado pela entrevista e boa sorte nos próximos lançamentos.
Obrigada.
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3 comentários:
demais *_*
acho q nao tem maior fan da marli do q eu! dei um grito qnd soube do clipe de cachaça
e se ela gosta tanto de flores de ipirá pois deveria fazer um single dessas musica tbm q eh uma das melhores
parabens
lee motosuwa
meo deus...genialidade...
adoro a marli...
asuhdauhdhuasuhdauhsduha
puta merda como eh bom
vou sair pq a noite eh uyma vaca preta.
Nossa Antonio! eu te amo!
você é um gênio!
Eu comecei a baixar os álbuns mais antigos da Marli (eu só tinha o Colostro e o CdA e algumas músicas avulsas)
e estou amando *-*
Quando começa aquele "Como um anjo para mim" em Rainha das Trevas eu me arrepio todo :O
Queria ter um terço da sua inteligência e criatividade *-*
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